O bullying é um fenômeno
assustador que tem causado horror na sociedade brasileira por se tratar de uma
violência velada que acomete crianças e adolescentes em ambientes escolares. O conceito
tem sofrido algumas distorções pela incapacidade das pessoas responderem as
novas demandas sociais que ocasionam a violência entre pares. O conceito ao
invés de ajudar os profissionais a refletir sobre esse mal serviu de
justificativa para que as pessoas se sentissem menos culpadas pelas atrocidades
cometidas por crianças e adolescentes. As crianças que são vítimas, agressoras
ou espectadoras são o reflexo da comunidade, pois é fruto da interação que faz
com os mesmos. Onde corrompe, é corrompido e é paciente na corrupção alheia. A
nossa cultura de banalização da violência tem produzido, sem saber, uma geração
de sujeitos com dificuldades de assumir seus erros ou cumprir normas sociais de
convivência.
A violência que se apresenta como
bullying foi citada pela primeira vez na Europa pela necessidade de investigar
alguns suicídios de crianças e adolescentes ocorridos nas escolas por volta dos
anos de 1980. Foram identificados inúmeros fatores que caracterizavam a
violência que passou a se chamar fenômeno bullying. O termo em Inglês é
proposital, pois não existe palavra na língua portuguesa que abranja os
diversos fatores que compõe a definição. Com o avanço das pesquisas foi
percebido que as agressões físicas, verbais, fofoca, ameaças, isolamento, entre
outros, que normalmente caracterizam o fenômeno não só causa sofrimento as
vítimas, mas também aos agressores e espectadores. Pois, a violência faz um
ciclo em que quem é vítima torna-se agressor e os agressores tornam-se vítimas
em um dado momento da vida, enquanto os espectadores silenciam com medo de ser
a próxima vítima. Contudo, deve-se está atento quanto a definição, pois só é
possível caracterizar o bullying às violências intencionais e veladas contra
uma pessoa ou grupo, causando sofrimento aos participantes do fenômeno. Isso
quer dizer que nem todo conflito entre
crianças e adolescente é bullying.
Apesar das pesquisas avançarem no
foco da prevenção, as questões relacionadas ao bullying são discutidas
superficialmente, haja vista que as estratégias precisam ser planejadas e
colocadas em práticas de forma global. Sem uma intervenção operativa e real, as
queixas de violência continuaram a revelar as lacunas deixadas pela escola e
sociedade. As crianças e adolescentes continuaram imersos no fenômeno bullying
cristalizando comportamentos por serem vítimas ou agressores, produzindo uma
geração que utiliza da força física ou da repressão para conseguir atingir seus
objetivos. As atrocidades como as que ocorreram nos Estados Unidos e em
Realengo no Rio de Janeiro causam comoção, revolta, atordoamento, medo, culpa,
entre outros sentimentos. A mídia e a sociedade inicia uma série de discussão
sobre o tema, debatendo possibilidades de promoção de políticas públicas e leis
que de fato subsidiem a escola com recursos humanos e materiais para impedir
esse mal. No entanto, as medidas oferecidas pelos governos e escolas só atacam
os fins, pois os meios continuam formando mais e mais indivíduos propícios a tornarem-se
atores do fenômeno bullying. Câmeras nas escolas, seguranças armados, punição
mais rigorosa, visitas às casas de crianças indisciplinadas, são as medidas
oferecidas pelo estado. Mas parece que desconsideram as fases de desenvolvimento
da criança ou um aspecto fundamental que faz do ser humano diferentes dos
outros animais. A linguagem. A capacidade de se chegar a um entendimento real
que possa levar em conta o contexto e não a situação em si.
Em se tratando de relações de
conflitos entre crianças e adolescentes que teoricamente não têm sua estrutura
emocional equilibrada seria necessário acessar o recurso do diálogo no qual só
os seres humanos são capazes de dominar. Todavia, nega-se essa capacidade pela
justificativa de que não há solução, pois as coisas chegaram a um nível
inviável. É importante que se crie artifícios para poder criar tecnologias que
ajudem escolas, famílias, as crianças e adolescentes a encontrarem solução ou
meios para poder resolver conflitos a partir de outros recursos.
Taleyrand Silva dos Santos
Psicólogo Escolar-Educacional
CRP – 03/IP9574
Cel: (73) 9944-7231
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