sexta-feira, 19 de julho de 2013

Bullying um mal que maltrata


O bullying é um fenômeno assustador que tem causado horror na sociedade brasileira por se tratar de uma violência velada que acomete crianças e adolescentes em ambientes escolares. O conceito tem sofrido algumas distorções pela incapacidade das pessoas responderem as novas demandas sociais que ocasionam a violência entre pares. O conceito ao invés de ajudar os profissionais a refletir sobre esse mal serviu de justificativa para que as pessoas se sentissem menos culpadas pelas atrocidades cometidas por crianças e adolescentes. As crianças que são vítimas, agressoras ou espectadoras são o reflexo da comunidade, pois é fruto da interação que faz com os mesmos. Onde corrompe, é corrompido e é paciente na corrupção alheia. A nossa cultura de banalização da violência tem produzido, sem saber, uma geração de sujeitos com dificuldades de assumir seus erros ou cumprir normas sociais de convivência.
A violência que se apresenta como bullying foi citada pela primeira vez na Europa pela necessidade de investigar alguns suicídios de crianças e adolescentes ocorridos nas escolas por volta dos anos de 1980. Foram identificados inúmeros fatores que caracterizavam a violência que passou a se chamar fenômeno bullying. O termo em Inglês é proposital, pois não existe palavra na língua portuguesa que abranja os diversos fatores que compõe a definição. Com o avanço das pesquisas foi percebido que as agressões físicas, verbais, fofoca, ameaças, isolamento, entre outros, que normalmente caracterizam o fenômeno não só causa sofrimento as vítimas, mas também aos agressores e espectadores. Pois, a violência faz um ciclo em que quem é vítima torna-se agressor e os agressores tornam-se vítimas em um dado momento da vida, enquanto os espectadores silenciam com medo de ser a próxima vítima. Contudo, deve-se está atento quanto a definição, pois só é possível caracterizar o bullying às violências intencionais e veladas contra uma pessoa ou grupo, causando sofrimento aos participantes do fenômeno. Isso quer dizer que nem  todo conflito entre crianças e adolescente é bullying.
Apesar das pesquisas avançarem no foco da prevenção, as questões relacionadas ao bullying são discutidas superficialmente, haja vista que as estratégias precisam ser planejadas e colocadas em práticas de forma global. Sem uma intervenção operativa e real, as queixas de violência continuaram a revelar as lacunas deixadas pela escola e sociedade. As crianças e adolescentes continuaram imersos no fenômeno bullying cristalizando comportamentos por serem vítimas ou agressores, produzindo uma geração que utiliza da força física ou da repressão para conseguir atingir seus objetivos. As atrocidades como as que ocorreram nos Estados Unidos e em Realengo no Rio de Janeiro causam comoção, revolta, atordoamento, medo, culpa, entre outros sentimentos. A mídia e a sociedade inicia uma série de discussão sobre o tema, debatendo possibilidades de promoção de políticas públicas e leis que de fato subsidiem a escola com recursos humanos e materiais para impedir esse mal. No entanto, as medidas oferecidas pelos governos e escolas só atacam os fins, pois os meios continuam formando mais e mais indivíduos propícios a tornarem-se atores do fenômeno bullying. Câmeras nas escolas, seguranças armados, punição mais rigorosa, visitas às casas de crianças indisciplinadas, são as medidas oferecidas pelo estado. Mas parece que desconsideram as fases de desenvolvimento da criança ou um aspecto fundamental que faz do ser humano diferentes dos outros animais. A linguagem. A capacidade de se chegar a um entendimento real que possa levar em conta o contexto e não a situação em si.
Em se tratando de relações de conflitos entre crianças e adolescentes que teoricamente não têm sua estrutura emocional equilibrada seria necessário acessar o recurso do diálogo no qual só os seres humanos são capazes de dominar. Todavia, nega-se essa capacidade pela justificativa de que não há solução, pois as coisas chegaram a um nível inviável. É importante que se crie artifícios para poder criar tecnologias que ajudem escolas, famílias, as crianças e adolescentes a encontrarem solução ou meios para poder resolver conflitos a partir de outros recursos.


Taleyrand Silva dos Santos
Psicólogo Escolar-Educacional
CRP – 03/IP9574

Cel: (73) 9944-7231

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