terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Adolescência Normal

Em sua teoria Psicanalítica Freud não delimita um marco específico para falar do adolescente, mas o suporte teórico subsidiou seus seguidores para que pudessem discutir e criar um estudo coerente sobre esta fase primordial do desenvolvimento humano.

Anna Freud diz que é muito difícil assinalar o limite entre o normal e o patológico na adolescência, e considera, na realidade, toda a comoção deste período da vida como normal, assinalando também que seria anormal a presença de um equilíbrio estável durante o processo adolescente.

Para Maurício Knobel o adolescente passa por desequilíbrios e instabilidades extremas. O que configura uma entidade semipatológica que denomina-se “Síndrome normal da adolescência”, que é perturbadora para o mundo adulto, mas necessária, absolutamente necessária, para o adolescente, que neste processo vai estabelecer a sua identidade, sendo este um objetivo fundamental deste memento da vida.

Agora seguindo as idéias de Aberastury, pode-se dizer que o adolescente realiza três lutos fundamentais: a) o luto pelo corpo infantil perdido, base biológica da adolescência, que se impõe ao indivíduo que não poucas vezes tem que sentir suas mudanças como algo externo, frente ao qual se encontra como espectador impotente do que ocorre no seu próprio organismo; b) o luto pelo papel e a identidade infantis, que obriga a uma renúncia da dependência e a uma aceitação de responsabilidade que muitas vezes desconhece; c) o lutos pelos pais da infância, os quais persistentemente tenta reter na sua personalidade, procurando o refúgio e a proteção que eles significam, situação que se complica pela própria atitude dos pais, que também têm que aceitar o seu envelhecimento e o fato de que seus filhos já não são crianças, mas adultos, ou estão em vias de sê-lo. Une-se a estes lutos o luto pela bissexualidade infantil, também perdida. ( Esse tema irei discuti-lo em outra oportunidade).

A necessidade de elaborar os lutos aos quais nos referimos anteriormente obriga o adolescente a recorrer normalmente a manejos psicopáticos de atuação, que identificam a sua conduta. Produz-se um curto-circuito do pensamento, onde se observa a exclusão da conceitualização lógica dando lugar à expressão através da ação, mesmo que em forma fugaz e transitória; o que diferencia o adolescente normal do psicopata é que este persiste com intensidade no uso deste modo de comportamento.

O adolescente apresenta uma vulnerabilidade especial para assimilar os impactos projetivos (é um mecanismo de defesa do aparelho psíquico que protege o indivíduo que atribui adjetivos hostis de sua personalidade atribuídos a outras pessoas) de pais, irmãos, amigos e de toda a sociedade. Ou seja, é um receptáculo propício para encarregar-se dos conflitos dos outros e assumir os aspectos doentios do meio em que vive. Atua como bode – expiatório.

A severidade e a violência com que, às vezes, se pretende reprimir os jovens só cria um distanciamento maior e uma agravação nos conflitos, com o desenvolvimento de personalidade e grupos sociais cada vez mais anormais, que em última instância implicam uma autodestruição suicida da sociedade.

Assim vemos o adolescente, de um e outro sexo, em conflito, em luta, em posição marginal frente ao mundo que limita e reprime. É este marginalizar-se do jovem o que pode levá-lo à psicopatia franca, à atividade delituosa, ou pode, também, ser um mecanismo de defesa pelo qual preserva os valores essenciais da espécie humana, a capacidade de adaptar-se modificando o meio, que tenta negar a satisfação instintiva e a possibilidade de chegar a uma vida adulta positiva e criativa.


Referência

Adolescência Normal – Um enfoque Psicanalítico - Arminda Aberastury e Maurício Knobel

Por: Tal

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Efeitos Psi do HIV

Paciente com Aids sofre mais por questões psicológicas do que com ação do HIV

Do UOL Ciência e Saúde

Um estudo realizado com pessoas em tratamento contra Aids no Brasil mostra que os soropositivos sofrem mais com problemas relacionados a interação social do que com a ação do vírus no organismo. Os números fazem parte da pesquisa “Percepção da qualidade de vida e do desempenho do sistema de saúde entre pacientes em terapia antirretroviral no Brasil”, divulgada nesta terça-feira (1º), Dia Mundial de Luta Contra Aids.

A pesquisa, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz em 2008 com 1.260 pessoas, indica que 65% dos pacientes avaliam seu estado de saúde como bom ou ótimo, número que supera o da população geral, que é de 55%. Em relação a portadores de outras doenças crônicas, o contraste é ainda maior, já que só 27% delas classificam sua saúde como boa ou ótima.

No entanto, quem está em tratamento com o coquetel anti-Aids sofre mais com problemas psicológicos. Entre as soropositivas, 33% afirmam ter grau intenso ou muito intenso de tristeza ou depressão e, 47%, grau intenso ou muito intenso de preocupação e/ou ansiedade. Entre os homens, o índice é um pouco menor: 23% e 34%, respectivamente. Na população geral, apenas 15% da população relata um grau intenso ou muito intenso de tristeza ou depressão. E a ansiedade é queixa de 23% das pessoas.

Preconceito

A análise das entrevistas também mostra que os pacientes de Aids tem um nível de educação superior ao da média da população brasileira. Apesar disso, a distribuição de renda é semelhante. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-2006), cerca de 67% da população brasileira, com 18 anos ou mais, tem rendimento mensal menor que dois salários mínimos, proporção semelhante à encontrada entre os pacientes de Aids (69%).

O estudo revela que ainda existe muito preconceito e discriminação em relação ao HIV, já que mais de 20% dos entrevistados relataram ter perdido o emprego após o diagnóstico. Na ocasião da pesquisa, 58% dos soropositivos não estavam trabalhando (55% entre os homens e 62% entre as mulheres).

Entre os pacientes homens, aposentadoria por doença (31,3%), incapacidade (14,7%), e recebimento de auxílio doença (24,6%) foram os principais motivos alegados para não estarem trabalhando. Entre as mulheres, 28% são donas de casa, 15,4% são aposentadas pela doença, 11% relataram incapacidade para o trabalho, e 15,4% recebem auxílio doença.

Influências

Os pesquisadores que conduziram o estudo desenvolveram um modelo estatístico para verificar os principais fatores associados à autoavaliação do estado de saúde como excelente ou boa. Fatores sociais como escolaridade e renda impactam positivamente. Por outro lado, estar aposentado por motivo de doença, incapacitado para o trabalho ou recebendo auxílio doença diminui em 55% a chance de ter boa autoavaliação do estado de saúde.

A presença de sintomas da doença também reduz em 40% a chance de autoavaliação positiva. Ter iniciado o tratamento a partir de 2007 também é um fator negativo, provavelmente porque esses pacientes ainda não recuperaram seu sistema imunológico devido ao pouco tempo de tratamento e ainda estejam sofrendo com os efeitos colaterais do início do tratamento e do diagnóstico recente.

Perdas e ganhos

A pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz também avaliou os ganhos e perdas dos soropositivos após o diagnóstico. Entre os entrevistados, 43,5% informaram que depois da descoberta da doença passaram a ter melhor assistência à saúde e 18,6% afirmaram ter mais suporte social. Entre as perdas, a mencionada pelo maior número de pessoas foi a piora das condições financeiras (36,5%), seguida da aparência física (33,7%).

Os resultados da pesquisa são representativos de toda a população em tratamento antirretroviral, atualmente estimado em cerca de 200 mil pessoas.

Campanha

A divulgação do estudo coincide com o lançamento, pelo Ministério da Saúde, da campanha “Viver com Aids é possível. Com o preconceito não”. No site elaborado para a ocasião, é possível deixar mensagens, fotos e vídeos sobre o tema.

A campanha também contou com a participação do artista plástico paulista Vik Muniz, radicado em Nova York, que produziu três obras de arte inspiradas no combate ao preconceito aos soropositivos. Os quadros foram doados ao Museu de Arte de São Paulo (Masp).

domingo, 29 de novembro de 2009

Bullying: um mal silencioso

Para evitar o suicídio e que outras conseqüências da incidência das brincadeiras perversas (bullying)sejam tratadas como "normais" que realizei um artigo falando dos possíveis traumas que a criança ou até o adulto pode vir a sofrer. No intuito de traçar o perfil comportamental daquelas que usam de poder exagerado para intimidar, humilhar, perseguir, entre outros, que a pesquisa vai se desenrolar, objetivando uma melhora significativa na maneira como as pessoas percebem a violência e como as famílias e as escolas tratam tais problemas. contudo, é preciso que os pais, tanto dos vitimadores quanto os das vítimas, sejam informados sobre as conseqüências que tais comportamentos possam causar na vida adulta dos indivíduos que fazem parte ou sofrem com o bullying. É necessário que haja debates envolvendo as famílias, os professores e os alunos que sofrem, causam ou presenciam os abusos, e que na maioria das vezes sofrem por não saberem se defender. Pois, é comum que os assédios e brincadeiras perversas sejam tratados como peraltices, hiperatividade ou como “normal da idade”.
Por:Taleyrand Silva

O existencialismo é um Humanismo

Jean Paul Sartre